A matemática do desperdício

Ora bem, quem nunca teve de responder às questões frustradas dos filhos sobre a utilidade de determinada disciplina na vida real que se acuse. 

Cá em casa, a matemática é muitas vezes o alvo destas questões, porque o João e a Pipa (e o João!) não vêem aplicação prática de funções e integrais e algoritmos e afins. Eu já lhes tenho dito que tento fazer as minhas caminhadas pela hipotenusa, que sempre é mais curto do que contornar os catetos e, assim, chego mais rápido ao meu destino. Eles reviram os olhos e voltam à resolução dos problemas, o que conta como meia vitória.

Mas, recentemente, cruzei-me com esta notícia sobre um projecto da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, que usa um modelo matemático para alinhar a quantidade de comida confeccionada na sua cantina e a procura de cada prato. O modelo é baseado em dados históricos, como as condições meteorológicas e os horários dos estudantes, e, a meu ver, tem a dupla vantagem de promover a redução das sobras alimentares e de se constituir um exemplo prático bem perceptível da aplicação de um algoritmo a uma situação real, que vai integrar o meu repertório argumentativo.

Sem brincadeiras, esta parece-me uma acção de grande valor na gestão eficiente dos recursos e uma inspiração para que outras entidades possam também diminuir o desperdício alimentar, que representa, globalmente, cerca de um terço dos alimentos produzidos para consumo humano.

Em nossas casas, podemos também combater este desperdício, com passos simples, como:
  • preparar uma lista de compras; 
  • apostar em produtos regionais, frescos e da época;
  • comprar avulso;
  • comprar directamente ao produtor ou preferir mercados em que haja menos intermediários (os produtos são mais frescos e baratos);
  • plantar alguns produtos em casa (nem que seja em vasos, na varanda);
  • adequar quantidades ao número de pessoas (e nem precisamos de algoritmos para nos ajudar!);
  • reintegrar sobras de refeições em refeições posteriores.
Isto é mais simples do que meter golos numa baliza sem guarda-redes e com uma defesa adversária sem reacção! E nem é preciso ser um génio da matemática para perceber que, nesta equação, subtrair desperdícios e somar poupanças resulta em saldo positivo nas economias domésticas!

Até uma próxima oportunidade, despeço-me com amizade,

Arnaldo

Comentários

Mensagens populares